O futebol paraibano é uma farra muito cara.
Temos acompanhado o sonho fantasioso de alguns, delirando uma possível volta da Socremo – Sociedade Cultural e Recreativa Monteirense ao futebol profissional paraibano.
Enquanto conseguiu existir, a equipe do gavião do Cariri proporcionou grandes alegrias aos desportistas da região, arrancando memoráveis vitórias diante dos chamados “grandes” do futebol tabajarino. Chegou a disputar o título de campeão do 1º turno com o Botafogo de João Pessoa, em pleno Feitosão, na época em que o time da capital tinha Geovane (ex-Vasco) e outros craques.
A Socremo revelou bons nomes e exportou valores para estados com grande potencial no futebol, a exemplo de Chã e Balu para o futebol paulista e Juninho Petrolina para o Sport do Recife e depois Atlético Mineiro. Consagrou o atacante Gilson Jacaré como artilheiro do Campeonato Paraibano, marcando 23 gols.
As domingueiras no Feitosão, na época de ouro da Socremo, foram maravilhosas.
Mas o sonho durou pouco, porque fazer futebol profissional na Paraíba é muito difícil, praticamente impossível. Temos acompanhado o purgatório vivido pelos times de João Pessoa, Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, onde as condições são infinitamente superiores a Monteiro. Se os times das grandes cidades do Estado vivem atolados em dificuldades, imaginem como estaria o tricolor monteirense.
No entusiasmo e na vontade, muita gente pensa que é fácil voltar a Socremo. E, aparentemente, poderia até ser. O difícil seria a manutenção, porque na Paraíba não existem patrocinadores para o futebol. Os times são dirigidos por abnegados que, mendigando apoios, muitas vezes sacrificam suas próprias finanças.
Enquanto no futebol paulista, por exemplo, a FPF trabalha o marketing do campeonato estadual e, ao final da competição concede um prêmio valioso em dinheiro ao clube campeão, no futebol paraibano a coisa é totalmente diferente.
Aqui, pra começar, se a Socremo quiser voltar vai ter que pagar uma taxa de retorno (que não é pequena). Só na inscrição e transferência de atletas, se gasta uma fortuna. E as taxas de arbitragem, na maioria das vezes, são mais altas que a renda do jogo.
Repito: fazer futebol profissional na Paraíba é uma aventura muito cara.
Lembremos o exemplo recente do Atlético de Cajazeiras, cujos atletas na véspera de um jogo informaram que só entrariam em campo se os salários fossem atualizados. E, mesmo conquistando o direito de participar do Campeonato Brasileiro da Série D, um time duma região forte economicamente como o Sertão, não teve condições de participar e cedeu vaga para o Treze. E olha que o Galo da Borborema também enfrenta dificuldades, tendo até mesmo suas rendas bloqueadas para pagamento de dívidas.
Sem qualquer pretensão de desestimular possíveis sonhadores, lembramos que no governo de Carlos Batinga a Socremo recebia da Prefeitura de Monteiro uma ajuda mensal de 20 salários mínimos (R$ 3 mil, na época em que o mínimo era R$ 150), além do ônibus abastecido para as viagens. A Câmara Municipal (na época o legislativo podia aplicar recursos em apoio a entidades) apoiava com 10 salários mínimos por mês. E a Rádio Cidade (Grupo Batinga Chaves), patrocinava o material esportivo.
Isto, numa época em que o futebol paraibano estava embalado e não havia a concorrência forte da televisão, com jogos ao vivo no mesmo horário. E nem as opções de lazer na zona rural, com música ao vivo, churrascos e outros atrativos. E ainda se conseguia montar um time relativamente barato.
Seria muito bom se pudéssemos voltar o tempo e ver de novo as cores da bandeira monteirense representadas por um time com Célio, Silvano, Balu, João Carlos e Rostand; Zé Orlando, Janilson, Walter Sanharó e Juninho Petrolina; Gilson Jacaré e Chã.
Sonhar é bom, mas alguns sonhos custam caro. A preço de hoje, acreditamos que para formar um bom time e disputar bem o Campeonato Paraibano e outras competições regionais, a Socremo teria um custo mensal em torno de R$ 70 mil, aí incluindo-se salário de 25 atletas a uma média de R$ 1.300,00 – 2 salários mínimos e meio - mais os encargos sociais, salário da comissão técnica (treinador, preparador físico, médico, massagista), despesas com alojamento e concentração, hospedagem e alimentação, viagens, despesas administrativas e material.
Numa temporada de 10 meses (janeiro a outubro), seria um custo total de R$ 700 mil no ano.
Para a iniciativa privada, um empreendimento de alto risco. Para um patrocínio do poder público, tudo depende de prioridades de investimento, avaliando-se o retorno político. Mais do que isso foi o custo do São João 2009 em Monteiro (12 dias), para o qual só o governo federal liberou R$ 750 mil. Quer dizer, com custo menor se faria a alegria dos desportistas durante o ano inteiro.
Isto significa que pensar em manter uma equipe de Monteiro no futebol paraibano depende, como sempre dependeu do apoio oficial. É a necessidade do verdadeiro time chapa branca.
Pensar na volta da Socremo é muito bom. Ter Monteiro de volta à elite do futebol paraibano é emocionante. Estar na mídia esportiva diariamente é excelente. Antes, porém, é bom conversar com quem já enfrentou a barra de administrar Botafogo, Treze, Campinense, Nacional e Sport de Patos, Sousa, Guarabira, Atlético de Cajazeiras e o próprio gavião do Cariri.
Afinal de contas, a rapadura é doce, mas não é mole.
Temos acompanhado o sonho fantasioso de alguns, delirando uma possível volta da Socremo – Sociedade Cultural e Recreativa Monteirense ao futebol profissional paraibano.
Enquanto conseguiu existir, a equipe do gavião do Cariri proporcionou grandes alegrias aos desportistas da região, arrancando memoráveis vitórias diante dos chamados “grandes” do futebol tabajarino. Chegou a disputar o título de campeão do 1º turno com o Botafogo de João Pessoa, em pleno Feitosão, na época em que o time da capital tinha Geovane (ex-Vasco) e outros craques.
A Socremo revelou bons nomes e exportou valores para estados com grande potencial no futebol, a exemplo de Chã e Balu para o futebol paulista e Juninho Petrolina para o Sport do Recife e depois Atlético Mineiro. Consagrou o atacante Gilson Jacaré como artilheiro do Campeonato Paraibano, marcando 23 gols.
As domingueiras no Feitosão, na época de ouro da Socremo, foram maravilhosas.
Mas o sonho durou pouco, porque fazer futebol profissional na Paraíba é muito difícil, praticamente impossível. Temos acompanhado o purgatório vivido pelos times de João Pessoa, Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, onde as condições são infinitamente superiores a Monteiro. Se os times das grandes cidades do Estado vivem atolados em dificuldades, imaginem como estaria o tricolor monteirense.
No entusiasmo e na vontade, muita gente pensa que é fácil voltar a Socremo. E, aparentemente, poderia até ser. O difícil seria a manutenção, porque na Paraíba não existem patrocinadores para o futebol. Os times são dirigidos por abnegados que, mendigando apoios, muitas vezes sacrificam suas próprias finanças.
Enquanto no futebol paulista, por exemplo, a FPF trabalha o marketing do campeonato estadual e, ao final da competição concede um prêmio valioso em dinheiro ao clube campeão, no futebol paraibano a coisa é totalmente diferente.
Aqui, pra começar, se a Socremo quiser voltar vai ter que pagar uma taxa de retorno (que não é pequena). Só na inscrição e transferência de atletas, se gasta uma fortuna. E as taxas de arbitragem, na maioria das vezes, são mais altas que a renda do jogo.
Repito: fazer futebol profissional na Paraíba é uma aventura muito cara.
Lembremos o exemplo recente do Atlético de Cajazeiras, cujos atletas na véspera de um jogo informaram que só entrariam em campo se os salários fossem atualizados. E, mesmo conquistando o direito de participar do Campeonato Brasileiro da Série D, um time duma região forte economicamente como o Sertão, não teve condições de participar e cedeu vaga para o Treze. E olha que o Galo da Borborema também enfrenta dificuldades, tendo até mesmo suas rendas bloqueadas para pagamento de dívidas.
Sem qualquer pretensão de desestimular possíveis sonhadores, lembramos que no governo de Carlos Batinga a Socremo recebia da Prefeitura de Monteiro uma ajuda mensal de 20 salários mínimos (R$ 3 mil, na época em que o mínimo era R$ 150), além do ônibus abastecido para as viagens. A Câmara Municipal (na época o legislativo podia aplicar recursos em apoio a entidades) apoiava com 10 salários mínimos por mês. E a Rádio Cidade (Grupo Batinga Chaves), patrocinava o material esportivo.
Isto, numa época em que o futebol paraibano estava embalado e não havia a concorrência forte da televisão, com jogos ao vivo no mesmo horário. E nem as opções de lazer na zona rural, com música ao vivo, churrascos e outros atrativos. E ainda se conseguia montar um time relativamente barato.
Seria muito bom se pudéssemos voltar o tempo e ver de novo as cores da bandeira monteirense representadas por um time com Célio, Silvano, Balu, João Carlos e Rostand; Zé Orlando, Janilson, Walter Sanharó e Juninho Petrolina; Gilson Jacaré e Chã.
Sonhar é bom, mas alguns sonhos custam caro. A preço de hoje, acreditamos que para formar um bom time e disputar bem o Campeonato Paraibano e outras competições regionais, a Socremo teria um custo mensal em torno de R$ 70 mil, aí incluindo-se salário de 25 atletas a uma média de R$ 1.300,00 – 2 salários mínimos e meio - mais os encargos sociais, salário da comissão técnica (treinador, preparador físico, médico, massagista), despesas com alojamento e concentração, hospedagem e alimentação, viagens, despesas administrativas e material.
Numa temporada de 10 meses (janeiro a outubro), seria um custo total de R$ 700 mil no ano.
Para a iniciativa privada, um empreendimento de alto risco. Para um patrocínio do poder público, tudo depende de prioridades de investimento, avaliando-se o retorno político. Mais do que isso foi o custo do São João 2009 em Monteiro (12 dias), para o qual só o governo federal liberou R$ 750 mil. Quer dizer, com custo menor se faria a alegria dos desportistas durante o ano inteiro.
Isto significa que pensar em manter uma equipe de Monteiro no futebol paraibano depende, como sempre dependeu do apoio oficial. É a necessidade do verdadeiro time chapa branca.
Pensar na volta da Socremo é muito bom. Ter Monteiro de volta à elite do futebol paraibano é emocionante. Estar na mídia esportiva diariamente é excelente. Antes, porém, é bom conversar com quem já enfrentou a barra de administrar Botafogo, Treze, Campinense, Nacional e Sport de Patos, Sousa, Guarabira, Atlético de Cajazeiras e o próprio gavião do Cariri.
Afinal de contas, a rapadura é doce, mas não é mole.
1 comentários:
Mano Simorion, estou de acordo com suas palavras, fazer futebol neste estado nao e facil. Tenho acompanhado a trajetoria do Campinense Clube nos ultimos 5 anos, 4 com membro do conselho deliberativo e sei das dificuldades, acho que um investimento deste porte (R$ 700 mil) e mais salutar que fizessemos uma grande reforma no estadio Feitosao e promover o futebol de nossa regiao(amador). Um abraco. Vimario Simoes
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