sábado, 30 de maio de 2009

Em defesa da história


Como, na qualidade de Secretário de Comunicação, Turismo e Eventos, tive a felicidade de contribuir para a implantação do Museu Histórico de Monteiro, inclusive fui interlocutor dos primeiros contatos do museólogo Balduíno Lelis com o então prefeito Carlos Batinga, peço permissão ao escritor Pedro Nunes Filho para reproduzir neste blog a sua

Carta aberta a Balduíno Lélis
29-Mai-2009

Caríssimo amigo, sempre que passava por aquela cidade, tinha como ritual visitar o Museu onde, por tão pouco, você deixou um pedaço de sua alma de humanista, muito de seu talento e de sua vasta experiência de museólogo renomado.

Em minhas andanças, repeti muitas vezes a prazerosa rotina de entrar em cada sala do Museu, olhando fotos, livros, móveis, louças, joias, armas, enfim, tudo o que fora doado pelas famílias àquela municipalidade. Diante dos doadores, você assumiu o compromisso de incorporar ao patrimônio público do Município as peças recebidas e mantê-las permanentemente expostas aos visitantes como um conjunto de bens culturais de valor inestimável e lembranças imorredouras de seus antepassados. Você cumpriu sua palavra e o espaço encantou a todos.

Dias atrás, ao chegar ao Museu, dirigi-me à sala de iconografias, em sua quase totalidade doação minha, entregue em suas mãos por intermédio de um amigo comum, antes mesmo de eu ter o prazer de conhecer você e ter o privilégio de pertencer ao rol de seus amigos e admiradores. Pois bem, como a sala estava fechada, de imediato, dirigi-me a ala direita do Museu. Foi aí que tive uma grande surpresa porque, quando cuidei, não existia mais museu algum. Em lugar daquele valioso e insubstituível espaço cultural, encontrei gabinetes administrativos burocráticos, frios, que nada simbolizam. Fiquei pasmo sem conseguir acreditar no que estava vendo. Dirigi-me a uma jovem senhora e perguntei o que havia acontecido. Muito delicadamente, a funcionária me informou que todo o acervo do Museu encontrava-se recolhido numa sala localizada no primeiro andar do prédio, onde seria reinstalado. Por quem? – perguntei – Por nós mesmos! – respondeu, desconhecendo, com justa razão, que a montagem de um museu obedece a uma intencionalidade, tem um propósito pedagógico, uma sequência cronológica que resulta de uma atitude científica fundamentada em estudo e conhecimento. Em outras palavras, um museu não é um simples amontoado de coisas velhas como algumas pessoas podem pensar. A referida senhora educadamente perguntou de onde eu era. Expliquei-lhe que morava no Recife e que havia dado uma contribuição expressiva àquele Museu, razão por que tinha motivos de sobra para estar decepcionado e, mais que isso, visivelmente aborrecido. Como nada mais podia fazer, entristecido, fui embora.

O fato é que o fechamento daquele espaço cultural, mesmo provisoriamente como eu quero crer, é uma atitude pouco inteligente, que decepciona.

Cadê os educadores da cidade, cadê a imprensa, cadê a edilidade? Por que ninguém se manifesta e opina?
Chegaram as Festas Juninas e com elas, visitantes de toda parte. Onde está nosso Museu (?), antes, referência cultural, ponto de atração turística de visitantes que querem ver alguma coisa da cidade, ouvir sua história, que tem tudo a ver com os festejos e músicas juninas.


Pedro Nunes Filho
Advogado tributarista e escritor
pnunesfilho@yahoo.com.br

0 comentários: