segunda-feira, 1 de junho de 2009

Situação desconfortável


A opinião do deputado João Henrique (DEM) em reportagem publicada no portal Wscom na sexta-feira passada, desqualificando a propositura do vereador Juraci Conrado (PTB) em conceder a cidadania monteirense ao prefeito da capital, Ricardo Coutinho, causou entre os dois, perante a opinião pública, uma situação, no mínimo, desconfortável.

O deputado João Henrique é o comandante-mor do grupo político que Conrado faz parte em Monteiro e esposo da prefeita Edna Henrique, de quem o vereador é líder na Câmara Municipal.

Ao dizer no segundo portal de notícias mais visitado do Estado que Ricardo Coutinho não tem por Monteiro serviços que justifiquem a honraria proposta por Conrado e que a prefeita Edna não concorda com a homenagem, o deputado (mesmo se não tiver sido essa, deliberadamente, a sua intenção) acabou por aplicar, para o mundo inteiro, uma censura pública ao vereador que teria agido em faixa própria quando, pela condição de líder, prudentemente deveria ter ouvido a opinião da prefeita que ele representa no legislativo.

Afinal de contas, Conrado fez na tribuna rasgados elogios e propôs a maior honraria do município a um líder que é sabidamente o maior adversário político do presidente estadual do PSDB, senador Cícero Lucena. E o PSDB é o partido da prefeita. Pelo andar da carruagem, Ricardo e Cícero Lucena poderão disputar o governo estadual no próximo ano.

A reportagem do Wscom cita que a repercussão da posição de Conrado perante o grupo de João Henrique foi tão negativa, que já se admite uma mudança na liderança do governo na Câmara, até mesmo por iniciativa do próprio vereador.

Como a política é muito dinâmica, nesse pós-guerra poderemos vislumbrar duas situações:

A primeira: Se durante o final de semana apareceu alguém colocando panos quentes nas feridas e a turma do “deixa disso” tiver entrado em ação, mais tarde vai se divulgada uma notinha dizendo que não houve nada demais, foi um mal entendido, que o grupo está cada vez mais unido, que esse “bicho” foi causado pelos adversários, etc,etc,etc.

A segunda: Se, no entanto, tiver prevalecido a opinião dos mais radicais, a coisa pode complicar. Faltando o diálogo entre comandante e comandado, o pelotão fica comprometido.

Uma coisa é certa: Continuando como líder do governo na Câmara, Conrado dá demonstração de que não precisa ouvir as orientações políticas da prefeita e do deputado. É líder em termos de representar a administração, sem ter que estar afinado com o pensamento político da prefeita. Em 2010 poderá apoiar Ricardo, mesmo que o candidato de Edna e de João seja Cícero. E, no governo, poderá continuar construindo o projeto da terceira via na política monteirense.

Se entregar a liderança, o vereador estará demonstrando que não aceitou de bom grado o “carão” de ser questionado publicamente pelo chefe, por uma iniciativa de homenagear alguém que é de outra facção política.

A interrogação agora é se o incêndio já foi debelado ou se as chamas permanecem acesas.

Talvez em Monteiro seja urgentemente necessária a instalação do Corpo de Bombeiros.

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