Providencial, sensata e estratégica a nova postura do jovem e talentoso Secretário de Cultura de Monteiro, Edcarlos Farias, em nota distribuída na tarde de ontem pela Assessoria de Comunicação, que ele coordena.
No dia anterior, procurando justificar o projeto da reforma administrativa encaminhado pela prefeita Edna Henrique, que cria 4 novas secretarias e mais 151 cargos comissionados, o secretário criticava a Câmara de Vereadores, alegando que os 19 funcionários (somando-se efetivos e comissionados) do legislativo, mais os 13
assessores parlamentares representavam, proporcionalmente, um número maior que os da Prefeitura. Na mesma matéria, o secretário criticava a Câmara pela aprovação do projeto que cria a Guarda Municipal e dizia que os vereadores da oposição estavam querendo apenas inviabilizar a administração.
Na nota de ontem, o bom senso voltou a existir e o secretário reconheceu o apoio que a Câmara tem dado, aprovando por unanimidade TODOS os projetos que a prefeita encaminhou até agora,
A declaração do secretário ao Correio da Paraíba foi, no nosso modesto entendimento, equivocada e injusta. Como pode o porta-voz de um governo criticar um parlamento afirmando que os seus membros fazem oposição sistemática, quando TODOS os projetos que a prefeita mandou, até hoje, foram aprovados POR UNANIMIDADE?
Houve caso, inclusive, de um projeto no qual a prefeita pediu uma suplementação que não estava suficientemente explicada e o então líder do governo, na época, Juraci Conrado, não concordou com a matéria e não votou. Mas os "radicais" da oposição aprovaram. Isso é fazer oposição radical?
A matéria distribuída ontem pela Ascom, repito, foi inteligenta e significa claramente que o secretário repensou o que havia dito.
Relembrando a novela global Caminho das Índias, "foram acesas as lmparinas do seu juízo". Essa nova postura do secretário que, pelas suas atribuições, fala em nome da prefeita, pode e deve contribuir, quem sabe, para um novo posicionamento dos vereadors em relação ao projeto da reforma administrativa. Porque é uma reação natural no comportamento humano. Se você se acha injustiçado, se retrai. Se é
reconhecido, se estimula.
Na matéria distribuída ontem, Edcarlos cita que "é natural que exista pessoas interessadas em tumultuar o clima de harmonia que buscamos manter entre o executivo e legislativo, mas isso faz parte da política partidária".
Concordo plenamente com o secretário. No jogo político existem ataques dos dois lados. Da mesma forma que acredito na sua capacidade de raciocínio e no seu espirito de auto-crítica para admitir que afirmações precipitadas como as que ele fez na reportagem do Correio da Paraíba, repercutem negativamente no relacionamento entre os poderes. A declaração de um secretário que representa o pensamento da prefeita
criticando um parlamento que já aprovou todos os seus projetos, pesa mais do que qualquer especulação política. Porque é um poder "peitando" o outro, e isto nada constrói.
Temos um exemplo no Estado. Mesmo enfrentando forte oposição, não se lê ou se ouve críticas do governador à Assembleia ou aos deputados. E nenhum secretário do governo se pronuncia em críticas ao poder legislativo. O debate, a crítica, fica entre os parlamentares. No máximo, acontece alguma declaração dizendo-se que espera o bom senso para aprovar o projeto, etc. Mas crítica direta de representante do Executivo contra o legislativo, nunca.
As novas declarações do secretário Edcarlos Farias, com certeza, terão efeito positivo. Ainda bem que, em boa hora, começam a ser dados sinais de compreensão e boa convivência.
E isto é um avanço, porque as instituições precisam estar acima das querelas menores.
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